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Quem sou eu
- Érika Bento Gonçalves
- Uma pessoa feliz. Jornalista e escritora apaixonada. Mãe, dona-de-casa, curiosa, amiga e sempre uma aprendiz. Muito prazer!
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Doidos por cinema
sexta-feira, dezembro 08, 2006
Contrastes e contradições
Os contrastes no Brasil vão além do cenário moderno das capitais em contrapartida à pobreza das favelas e sertões. Vão além de crianças em carros blindados assistindo à infância abandonada nos faróis. Vão além, ainda, da distribuição de sentenças judiciais. Os contrastes e contradições encontram-se presentes no sentimento quanto à pátria amada/odiada brasileira.
Se, por um lado o povo deste país se diz sofrido com a impunidade e corrupção, por outro, não admite que se fale de nós. Não admite que "os outros" falem de nós. Exemplo disso é a reação maciça contra o filme "Turistas", que estreou nos Estados Unidos no início deste mês.
O filme mostra um grupo de jovens americanos que vem passar as férias no Brasil e é assaltado, torturado e vítima de uma quadrilha de tráfico de órgãos. A crítica norte-americana odiou o filme. Mais pela condução e técnica (ou a falta dela) do que pela trama. O brasileiro odiou o filme mesmo sem vê-lo.
O que não dá para entender é por que tanta fúria, já que somos os primeiros a nos desqualificar na tela grande. É rotina os filmes aqui produzidos retratarem a pobreza, o abandono, o sofrimento. Exemplos? Cidade de Deus, Central do Brasil e Caminho das Nuvens, para citar alguns conhecidos do grande público. O fato é que, a maioria absoluta dos filmes brasileiros, quando não retrata a miséria, mostra a prostituição, as drogas, o sexo... e só. Um dos mais recentes lançamentos, Anjos do Sol, é um retrato pesado de uma das nossas realidades mais brutais: a prostituição infantil. A violência contra as nossas crianças é presente em mais de mil e duzentos pontos, só nas estradas federais. O filme foi o vencedor do Kikito de melhor filme, em Gramado.
A verdade é que vivemos em um país de maltratados, porém coniventes. Somos um povo sofrido, que canta e dança no Carnaval, beija a bandeira na Copa do Mundo, aplaude a própria desgraça mas se choca quando se vê no espelho com moldura estrangeira.
Mais do que os contrastes, o que assusta é a hipocrisia diante da própria imagem.
Se, por um lado o povo deste país se diz sofrido com a impunidade e corrupção, por outro, não admite que se fale de nós. Não admite que "os outros" falem de nós. Exemplo disso é a reação maciça contra o filme "Turistas", que estreou nos Estados Unidos no início deste mês.
O filme mostra um grupo de jovens americanos que vem passar as férias no Brasil e é assaltado, torturado e vítima de uma quadrilha de tráfico de órgãos. A crítica norte-americana odiou o filme. Mais pela condução e técnica (ou a falta dela) do que pela trama. O brasileiro odiou o filme mesmo sem vê-lo.
O que não dá para entender é por que tanta fúria, já que somos os primeiros a nos desqualificar na tela grande. É rotina os filmes aqui produzidos retratarem a pobreza, o abandono, o sofrimento. Exemplos? Cidade de Deus, Central do Brasil e Caminho das Nuvens, para citar alguns conhecidos do grande público. O fato é que, a maioria absoluta dos filmes brasileiros, quando não retrata a miséria, mostra a prostituição, as drogas, o sexo... e só. Um dos mais recentes lançamentos, Anjos do Sol, é um retrato pesado de uma das nossas realidades mais brutais: a prostituição infantil. A violência contra as nossas crianças é presente em mais de mil e duzentos pontos, só nas estradas federais. O filme foi o vencedor do Kikito de melhor filme, em Gramado.
A verdade é que vivemos em um país de maltratados, porém coniventes. Somos um povo sofrido, que canta e dança no Carnaval, beija a bandeira na Copa do Mundo, aplaude a própria desgraça mas se choca quando se vê no espelho com moldura estrangeira.
Mais do que os contrastes, o que assusta é a hipocrisia diante da própria imagem.
(Leia também The truth is out there e Turistas na sessão da tarde. Este último, da minha grande mestra Júnia Turra.)
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